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SERÁ POSSÍVEL COMEÇAR UM SITE HOJE, SEM INVESTIR PRATICAMENTE NADA, E SER BEM SUCEDIDO? PARTE 1

SERÁ POSSÍVEL COMEÇAR UM SITE HOJE, SEM INVESTIR PRATICAMENTE NADA, E SER BEM SUCEDIDO? PARTE 1

UM POUCO DA HISTÓRIA DO MARKETING DIGITAL PELA HISTÓRIA DE ASCENSÃO E QUEDA DE NOSSO PRIMEIRO SITE, A GREENCARD.COM.BR, CRIADO EM 1999.

Esta é a primeira parte de duas. O sucesso rápido, sem planejamento, pode ser o começo do fim de um negócio.

Para começar a história do negócio GreenCard, tenho que posicioná-los brevemente sobre a minha história. Sempre tive vontade de morar nos Estados Unidos. Morei lá por 3 anos, na minha adolescência, com minha família. Foi uma época muito boa e desde então sempre desejei voltar.

Sou do Rio, mas me mudei para Brasília há muitos anos. Ainda solteiro passei em um concurso para o Supremo Tribunal Federal e tinha uma vida tranquila. O grande problema do serviço público é que, diferentemente do que dizem os meios de comunicação, os salários variam demais, assim como a capacidade financeira dos funcionários. O custo de vida em Brasília é altíssimo e o que é um ótimo salário em alguns estados, em Brasília corresponde a bem menos.

Acontece que quem tem o espírito empreendedor não preza muito tranquilidade ou estabilidade, o que mais ouvia ser a grande vantagem de pertencer ao serviço público. Sempre tive pequenos negócios paralelos e, com o aparecimento da Internet e cansado de ver meus negócios “físicos” andarem de lado, resolvi abrir um serviço de internet.

Já vinha estudando sobre a loteria de green cards, patrocinada pelo governo americano e que sorteava 50 mil vistos de residência, green cards, entre os inscritos, e brasileiros podiam participar. Primeiramente pensei apenas em me inscrever. Pesquisei muito sobre o assunto e aprendi a fazer a inscrição, que tinha diversas peculiaridades. Aprendi tanto, que me considerei apto a fazer as inscrições de outras pessoas. Coloquei um em um jornal de Brasília e, no primeiro ano, inscrevi 48 pessoas.

Para minha surpresa, no resultado do sorteio, 4 das 48 pessoas que inscrevi tinham sido sorteadas, entre elas, minha cunhada. Foram duas alegrias, a primeira de comprovar que sabia fazer as inscrições e a segunda de saber que meus cunhados iriam morar bem longe kkk.

Fiquei feliz com o “sucesso” e com a expectativa de ter um negócio na internet, que, na minha ingenuidade, pensava que seria menos trabalhoso que os outros que tivera.

Resolvi criar uma página de internet, estimulado por meu irmão, designer, que já vinha estudando sobre web e programação. Por um ano mantivemos no ar uma página que era só uma parte do site institucional de design do meu irmão, com o nada fácil domínio www.visualtechdesign.com/greencard.htm. Veja esse primeiro site, basicamente um formulário com algumas poucas páginas de informação, em versão arquivada no webarchive.org. Veja nesse link todas as versões de página da GreenCard ao longo dos anos. Com esse primeiro site, o número de inscritos passou de 48 para 280. Eu praticamente não fazia nada de marketing digital, as pessoas chegavam à página ao pesquisarem por “loteria de green cards” em português. Isso, muito mais por falta de concorrentes do que por algum tipo de trabalho nas buscas. O design da página, muito bom para a época, também ajudava.

Todo o cadastro de emails era manual, pois não tínhamos conhecimento técnico suficiente para desenvolver ou integrar sistemas mais elaborados. Uma curiosidade dificultava ainda mais esse trabalho de email marketing:

O primeiro spam registrado na internet tinha relação com a loteria de green cards.

Clique para ler um artigo contando essa história (em inglês).

Nos resultados desse nosso segundo ano, dos 280 inscritos, tivemos 11 sorteados e, dentre eles, EU! Mudar para o exterior é muito fácil nos sonhos, mas na hora que a coisa se torna real é que você percebe quantas coisas pesam nessa decisão. Desde a distância da família à troca do certo pelo duvidoso, são muitas as inseguranças. E eu provavelmente voltaria a morar perto de meus cunhados… Saindo do campo para o de negócios, ficou a dúvida do que aconteceria com o negócio GreenCard, devido à mudança de país e se seria possível manter minha família nos EUA com a renda do site.

Consideremos o ano de 2000 o início da época profissional da Greencard.com.br. Prova de que eram tempos mais fáceis, comprei diretamente do Registro.br o melhor domínio possível para a página, GreenCard.com.br, que estava disponível. Ter um domínio com a palavra-chave principal do seu negócio ajuda muito (saiba mais). Aproveitamos a disponibilidade e compramos outros bons nomes entre 1998 e 1999, que vendemos ou mantivemos ao longo dos anos. Como prova de que o site de MarketingDigital sempre esteve em nossos planos, registramos afiliado.com.br em 1998. Na época, programa de  era o que de mais avançado havia em termos de monetização de sites.

Como fui sorteado em 2000 e, se fosse aprovado na entrevista, só poderia me mudar em 2001, cuidei de estruturar o negócio como podia, para poder mantê-lo morando nos EUA. Só um problema. Não tinha reserva alguma de dinheiro para investir, nem um mínimo de conhecimento técnico. Assim, propus-me a estudar marketing digital e meu irmão a aprender o básico de HTML, além de focar em design para a web.

CONTEÚDO TEM DONO, E HÁ MUITAS FORMAS DE SE FAZER USO DESSE DIREITO.

Em 2001 eu e minha esposa mudamos para Orlando e fomos morar a 2 minutos de meus cunhados. Como a vida dá voltas… Nesse ano, também tive um problema bastante comum para a época e que ainda hoje acontece. Copiaram integralmente o sobre loteria de green cards do meu site e abriram um serviço concorrente na internet. Um dia liguei para o responsável pela tal empresa e falei que não o autorizava a utilizar o conteúdo de meu site, que eu tinha o registro do conteúdo como produzido por mim e pedi que ele retirasse o site do ar imediatamente, pelo menos a parte do conteúdo copiado. Foi aí que ouvi que eu estava desinformado, que conteúdo de internet era público e que se não estivesse satisfeito que fosse à Justiça. Resumindo a história, a empresa teve que fazer uma boa doação a uma instituição de caridade e tirar o site do ar.

No site da GreenCard, tudo era (e é) manual, cada página foi digitada como está. Mantemos isso até hoje como da dificuldade, um site-museu, pensado para servir de mostruário de uma fase bem inicial da internet. Nada de banco de , de sistemas de email, cadastro, auto responders. Tudo era na mão. O email chegava eu cadastrava o endereço numa planilha do Excel. Respondia o email e arquivava a resposta em pastas separadas por assunto. Cheguei a ter 105 respostas-padrão separadas por assunto, mas sempre conseguiam ter dúvidas novas… Lembro-me de, no espaço de uma semana, ter respondido mais de 2.000 emails. Isso tudo era imprescindível, pois o serviço era todo baseado em confiança. As pessoas não acreditavam nem que a loteria era real, e como não havia comprovação de inscrição, ou a pessoa confiava no serviço ou não se inscrevia.

Eu tinha o firme compromisso de aprender e reinvestia 15% de todo o faturamento em educação. Fazia todos os cursos de Internet Marketing (marketing digital nos EUA) que acontecessem na Flórida. Desde 2.000 até hoje já participei de mais de 30 congressos e fiz mais de 20 cursos, além de muitas consultorias recebidas. Outro dia me dei ao trabalho de contar e tenho mais de 2.300 e-books sobre o assunto Marketing Digital e posso garantir que li mais de 90% deles. Estamos atualizando o Facebook da Clicktime para falar de cursos e o que de mais importante aprendemos em cada um. Como curiosidade, o primeiro curso que comprei, Make Your Site Sell, em 1999, não tratava de , apenas falava que as buscas eram importantes ferramentas para conseguir tráfego, e já tinha uma visão, dizendo que as buscas não seriam mais grátis em 5 anos e que o trabalho do empreendedor digital seria bem mais difícil. Em 2.001, menos de 2 anos depois, a Overture (antiga GoTo.com) começou a incorporar aos seus resultados os links patrocinados. Estava confirmada a premonição…

Nos congressos aprendi a importância de apresentarmos ferramentas que hoje seriam chamadas de “bookmarking ”. Implantamos um Fórum de Discussão, criamos a área de depoimentos e uma página falando dos prêmios que ganhamos. Essas ferramentas criaram um ambiente de troca de opiniões, que geravam ótimas ideias para o site e prova social do tão buscado status de autoridade no assunto. Implementamos, também, vários novos serviços aos quais éramos afiliados, como preparo e cadastro de currículos, sites de encontro, cursos de inglês e outros. Em menos de 6 meses esses programas de afiliados passaram a representar 40% de nosso faturamento. Os programas de afiliados, além de gerarem faturamento, repassavam a credibilidade do anunciante ao site afiliado, da mesma forma como hoje fazem os símbolos dos cartões dos crédito, site blindado, internet segura, validado por Certisign e semelhantes. Repare que todo grande e-commerce é lotado desses chamados badges algo como selos de garantia, que atendem àqueles que buscam segurança ao usar os serviços de um site.

Clique para ler a segunda parte deste artigo – Os tombos e a queda final.

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Aleksander Moraes (Alex Moraes) é especialista em Marketing Digital e CEO da Clicktime Marketing & Design. É responsável pelo conteúdo, cursos e eventos da MarketingDigital.com.br e do Grupo no LinkedIn http://www.linkedin.com/groups?gid=503995

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